Você já foi convencido de que é um ser puramente racional, um cérebro com pernas que analisa o mundo com imparcialidade. Essa é a mentira bonitinha da filosofia moderna: a ideia de que você pode pensar sem pressupostos, como se sua mente fosse uma tela em branco.
Mas, como Herman Dooyeweerd, o filósofo reformado holandês, afirmou com clareza: "Não existe filosofia neutra. Só existe filosofia com pressupostos disfarçados."
Todo pensamento humano parte de um altar.
Antes de raciocinar, você crê.
Antes de analisar, você adora.
A questão não é se você tem uma cosmovisão, mas qual cosmovisão guia sua vida.
O ateu confia no acaso ou na matéria como fundamento último.
O cientificista exalta a razão como seu deus.
O niilista abraça o vazio.
O progressista coloca o homem no trono.
Cada um desses caminhos começa com um ato de fé, uma escolha de onde ancorar a existência. Ninguém é neutro.
Dooyeweerd argumentava que toda filosofia é, em última análise, religiosa, pois nasce de um compromisso fundamental com algo que se considera supremo. Para o cristão, esse fundamento é Cristo, o Verbo pelo qual todas as coisas foram feitas (S. João 1.3) e em quem "tudo subsiste" (Colossenses 1.17).
Sem Ele como centro, qualquer tentativa de compreender a realidade é temporário, instável e colapsado.
Jesus Cristo: O fundamento da realidade
A cosmovisão cristã não é um acessório espiritual que você adiciona a uma vida já completa. Ela é o alicerce que sustenta toda a existência. Cristo não é apenas o Salvador da alma, mas o Rei soberano de todas as esferas da vida: pensamento, cultura, ciência, arte, política, economia, sexualidade.
Como Dooyeweerd ensinou, a realidade é composta de múltiplas esferas, cada uma com sua própria integridade, mas todas subordinadas à soberania divina. Ignorar isso é tentar viver em um mundo fragmentado, onde cada esfera clama por autonomia, mas acaba em conflito.
A filosofia tradicional promete liberdade ao rejeitar a soberania de Cristo, mas entrega desordem.
Quando a ciência se coloca como árbitra da verdade, ela ignora suas próprias limitações.
Quando a cultura nega um padrão transcendente, ela se torna um espelho do caos do homem.
Quando a arte rejeita o Criador, ela perde seu propósito redentivo.
Como disse C.S. Lewis, "Eu acredito no cristianismo como acredito que o sol nasceu: não apenas porque o vejo, mas porque, por meio dele, vejo tudo o mais." Cristo não é uma peça opcional do quebra-cabeça; Ele é a lente que dá sentido ao todo.
A fé em Cristo como motor e partícula da verdadeira realidade
Se você deseja criar, empreender ou transformar o mundo ao seu redor, pare de buscar a resposta em sistemas que rejeitam a Verdade. O mundo, como nos lembra o Ap. Paulo em Romanos 1:21-23, trocou a glória de Deus por ídolos ridiculamente frágeis.
A cosmovisão cristã reformada, inspirada por pensadores como Dooyeweerd, nos chama a enxergar a realidade como ela é: criada, sustentada e redimida por Cristo. Ele é o Rei que reivindica cada centímetro da existência, desde as equações da física quântica até as pinceladas de um quadro, desde as leis de um governo até as relações humanas.
Isso significa que sua fé em Cristo não é um compartimento separado da sua vida. Ela é o motor que impulsiona tudo o que você faz na sua vida. Sua vocação, seja como artista, cientista, empreendedor ou pai, é um chamado para refletir a glória de Cristo em cada detalhe do seu trabalho.
É um chamado para andar internamente com Deus enquanto se desfaz das afeições externas que jamais poderão conduzir à plenitude do homem interno, como dizia St. Thomas Kempis.
A pergunta fundamental não é se você tem uma cosmovisão, mas se ela se curva a Cristo.
A cultura não é neutra; ela reflete os altares de quem a molda.
A ciência não é neutra; ela opera sob pressupostos que ou honram a Deus ou O rejeitam.
A arte não é neutra; ela pode glorificar o Criador ou idolatrar a criação.
E acredite, o seu coração também nunca foi neutro. Você crê antes de pensar.
Você adora antes de raciocinar. A questão é: quem está no trono da sua vida?
Cristo na centralidade do cotidiano
Pense como um reformador, que vê o mundo à luz da Palavra de Deus, crie como um apóstolo, enviado para redimir cada esfera da vida para a glória do Rei.
O mundo esfarela sem Cristo no centro porque Ele é a própria estrutura da realidade.
A criação é coerente apenas quando reconhecemos sua dependência do Criador em cada uma das esferas da realidade.
O chamado cristão é radical não apenas viver para Cristo, mas viver em Cristo, reconhecendo que Ele é o fundamento de tudo.
Sua fé não é um adendo à sua razão; é a âncora que dá sentido à sua existência em um mundo que insiste na ilusão da neutralidade. Seja um testemunho vivo da soberania de Cristo. Construa, crie e transforme com a certeza de que, sem o Rei no centro, o mundo desmorona e esfarela, mas com Ele tudo encontra seu propósito perfeito.